Crônica

Relacionamento tóxico

Por Lisiani Rotta

Relacionamento humano é um tópico que exige muita análise e reflexão devido à sua complexidade. Adoro o assunto. Um dia desses, li o artigo da psicóloga Renata Gaspula, pós-graduada em Neuropsicologia e aluna do mestrado de Psicologia Clínica e da Saúde da Universidade do Algarve, e gostei da definição simples e objetiva a respeito do tema.

Segundo ela, relacionamento tóxico é todo o relacionamento que prejudica mais do que beneficia a uma das partes ou ambas. Independentemente de serem relacionamentos românticos, de amizade, entre membros da família, entre colegas, são relacionamentos emocionalmente, psicologicamente e até fisicamente prejudiciais.

Caracterizam-se por padrões de comportamento que afetam a autoestima e alteram a qualidade de vida de um ou de ambos os indivíduos envolvidos. Quando um dos parceiros é controlador, por exemplo, ao ditar constantemente as suas escolhas, ele limita a liberdade ou interfere na autonomia do outro.

A manipulação é outra tática comum em relacionamentos tóxicos. Ela pode incluir chantagem emocional, jogos mentais e mentiras. O parceiro que não respeita as fronteiras pessoais do outro e não reconhece o direito à privacidade está agindo de maneira tóxica.
Este tipo de relacionamento se caracteriza por uma distribuição desigual de poder. Um dos envolvidos exerce controle excessivo. Portanto, se um relacionamento o deixa emocionalmente exausto, ansioso ou deprimido, há um sinal de toxidade nele. Essa toxidade pode se manifestar de maneira extrema ou sutil, por isso é importante fazer uma autoanálise e avaliar como você se sente. Pergunte a si mesma se o relacionamento está afetando negativamente a sua saúde mental, emocional e física. Amigos e familiares podem ajudar, pois veem as coisas de outra perspectiva e oferecem insights valiosos.


Talvez uma das decisões mais desafiadoras a enfrentar, mas essencial para a saúde e bem-estar, seja terminar o relacionamento. O primeiro passo é reconhecer o próprio valor e se conscientizar de que merece um relacionamento saudável e feliz. Em seguida, comunicar ao parceiro a decisão de modo claro. Depois, rodear-se de amigos e familiares que possam ajudá-lo durante esse período desafiador. E, é claro, procurar um psicólogo ao longo do processo. O consultório é um espaço seguro, livre de julgamentos, onde será mais fácil expressar os sentimentos, os medos e as preocupações.

Outro detalhe importante para a identificação de um relacionamento tóxico é saber que não são apenas as mulheres as vítimas. No processo de difamação movido pelo ator Johnny Depp contra sua ex-mulher, Amber Heard, as provas das agressões físicas cometidas por Amber surpreenderam o público e o incontável número de seguidores que acompanhavam a batalha judicial. No áudio apresentado ao júri, Heard desafia Depp a ir a público com sua alegação de abuso. “Diga ao mundo, Johnny”, disse ela. “Diga a eles que você, Johnny Depp – um homem – é vítima de violência doméstica.” Depp respondeu a ela: “Sim, eu sou”. Graças a esse reconhecimento, os homens vítimas de abuso doméstico, encorajados pelo exemplo do ator, enfrentaram a vergonha e o preconceito e denunciaram casos impressionantes de abuso doméstico.

No final das contas, para quem busca um relacionamento saudável, há algo muito interessante a observar. Não é sobre o que você sente por alguém, mas sobre como esse alguém faz você se sentir. Eu posso amar uma pessoa, achá-la linda, carismática, inteligente, divertida. Se essa pessoa me faz sentir triste, estressada, ansiosa, se ela faz eu questionar o meu valor, essa será a realidade do meu relacionamento. Você pode considerar alguém um deus, se esse alguém fizer você sentir como se fosse nada, essa será a sua experiência. Ninguém merece.

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